Coleta Seletiva transforma realidade social de catadores

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Programa também contribui para reduzir extração de matéria-prima virgem
“O trabalho nos barracões é por produção. Alguns trabalham de domingo a domingo, dia e noite, como é o meu caso. Tenho dois filhos na escola e um na faculdade”, conta o catador Roosevelt Martins, que trabalha para formar o primeiro filho no ensino superior. Atualmente, o jovem faz o segundo período de Direito em uma universidade particular de Uberlândia.
A preocupação com a necessidade imediata de preservação do planeta abriu as portas para uma maior atenção à destinação de resíduos sólidos. Os caminhos para a sustentabilidade se dividem em dois: um é a disposição final em aterros sanitários, que são locais apropriados e com redução de impactos ambientais; o segundo é a reciclagem. E é nesta última que entra a história de Roosevelt Martins e outros 74 catadores associados e cooperados de Uberlândia.

A reciclagem é uma prática sustentável que reintroduz o resíduo no processo de produção. Além de diminuir o volume de materiais que iriam para o aterro, a reciclagem reduz a utilização de matéria-prima virgem, o que resulta em menor degradação do meio ambiente. São absorvidos neste processo resíduos plásticos (garrafas PET, frascos de produtos de limpeza, baldes, isopor, embalagens), papel (caixas, papelão, embalagens longa vida, revistas e jornais), metal (latas, alumínio, zinco, cobre, panelas, objetos de ferro), vidro (garrafas, copos, vidros de conserva, medicamentos e perfumes) e óleo vegetal.

Em Uberlândia, existem cinco associações e uma cooperativa que integram o programa da Coleta Seletiva, criado há quatro anos. Em 2013, o programa atingiu uma cobertura de 47% da população. Atualmente o serviço atua em 29 bairros, atendendo uma população superior a 270 mil pessoas.
Sobre a trajetória de Roosevelt Martins no segmento de reciclagem, ela está prestes a completar quinze anos. Antes de se associar, Martins ficou dez anos no aterro sanitário triando materiais para reciclagem. Hoje esse trabalho é feito em um dos quatro barracões espalhados pela cidade.
Um dos galpões está em reconstrução após um incêndio em maio deste ano. É aí que entra Marcos Donizete Ferreira, catador e presidente da Cooperativa dos Recicladores de Uberlândia (Coru). O fogo destruiu telhado, prensa, elevador e todos os materiais armazenados da coleta seletiva. Mesmo trabalhando sob sol e chuva, que acaba danificando os resíduos secos, Ferreira não desiste do ofício. “Ainda estamos em recuperação. Não saímos de lá e faça chuva ou faça sol vamos ficar”, afirma.
Ele, que entrou em 2007 para a cooperativa, comenta que muitas pessoas mudaram de vida com o trabalho de recicláveis. “Muita gente conseguiu casa. Se não fosse a reciclagem estaria até hoje morando em barracão ou de aluguel. Tivemos uma cooperada que se desligou para concluir o curso de Direito, pois precisava de mais tempo e dinheiro. Até mesmo já pagamos um empréstimo da cooperativa”, destaca Marcos Donizete Ferreira.
Para otimizar os trabalhos, as associações e a cooperativa planejam no futuro construir um único barracão de 12 mil metros quadrados no Distrito Industrial para abrigar todos os catadores, inclusive parte dos quatro mil que ficam na rua recolhendo materiais. “Queremos tirar o catador de rua das mãos do atravessador. Nós vendemos hoje direto para as empresas, enquanto eles vendem a baixo custo para um atravessador que vai revender para outro atravessador que, por fim, vai negociar com a empresa”, explica Roosevelt Martins, da AssoTaiaman.

Logística da coleta

A Secretaria Municipal  de Serviços Urbanos (SMSU), responsável pela Coleta Seletiva, promove um trabalho social de orientação com os moradores dos bairros a serem contemplados pelo programa. Dez caminhões específicos realizam periodicamente a coleta em Uberlândia. Além do recolhimento no sistema porta-a-porta, o programa conta com a coleta seletiva nas escolas, no Centro Administrativo e nos Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), como os ecopontos.
Os materiais reciclados são recolhidos e entregues nos barracões de triagem onde trabalham associações e cooperativa, todos cadastrados na prefeitura. “Em 2015, de janeiro a outubro foram coletados 1,8 milhão de quilos. A média mensal de materiais coletados alcança 30 toneladas por associação”, comenta o secretário municipal de Serviços Urbanos, Eduardo Afonso.

Comitê Gestor

Implantado em 2013 e composto por poder público, sociedade civil organizada, associações, cooperativa, Universidade Federal de Uberlândia, e outras entidades privadas, o Comitê Gestor da Coleta Seletiva assumiu o papel de planejar, monitorar e fiscalizar o programa. Após alguns estudos o comitê verificou a necessidade de reeducação dos moradores para manter a viabilidade da iniciativa. Desde novembro, quatro estagiários mais dois representantes dos catadores têm orientado os residentes do bairro Santa Mônica. A ideia é que a reconscientização atinja, gradualmente, todas as regiões atendidas pela coleta seletiva.
Devido à rotatividade das residências, parte dos novos moradores não está habituada à separação dos resíduos. Há também uma parcela que coloca os recicláveis dentro dos contêineres, o que impossibilita o recolhimento pelo caminhão da coleta seletiva. Os contêineres foram concebidos para receber resíduos úmidos (não recicláveis) de estabelecimentos comerciais.
Outro fator que tem prejudicado o sistema é a existência de caminhões clandestinos que se aproveitam das rotas dos veículos da coleta seletiva e antecipam o recolhimento. Quando isso acontece, os materiais recicláveis deixam de ir para os barracões das associações e cooperativas cadastradas, lesando o trabalho social do programa.

Bairros atendidos

Alto Umuarama, Bom Jesus, Brasil, Cazeca, Centro, Cidade Jardim, Custódio Pereira, Daniel Fonseca, Dona Zulmira, Fundinho, Jaraguá, Jardim Karaíba, Jardim Patricia, Lídice, Luizote De Freitas, Mansour, Martins, Morada do Sol, Nossa Senhora Aparecida, Osvaldo Resende, Patrimônio, Roosevelt, Santa Mônica, Saraiva, Segismundo Pereira, Tabajaras, Tibery, Vigilato Pereira, Umuarama.

Cenário nacional

Dados apresentados pela última pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, referente ao ano de 2013, apontaram que o Brasil produz mais de 76,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos (RSU) em um ano. São considerados RSU os resíduos domiciliares e de limpeza urbana.
O documento verificou que dentre o total de resíduos coletados, 58,3% foram destinados ao aterro sanitário. Ou seja, quase 42% são encaminhados a lixões e aterros controlados (complexo de recebimento sem sistema de proteção contra degradação do meio ambiente).    Mesmo com uma legislação federal vigente (12.305/10), a qual contempla o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, a destinação inadequada é realidade em 60% ou, mais especificamente, 3.344 municípios brasileiros.

Filipe Alves
07/12/15


Secretaria Municipal de Comunicação Social
Av. Anselmo Alves dos Santos, 600, Uberlândia / MG

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