"Se o Brasil tem pouco interesse pela África; a África tem muito interesse pelo Brasil"
Na semana de 02 a 09 de setembro estaremos recebendo no Brasil uma comitiva de técnicos da TechnoServe (http://www.technoserve.org/), uma organização que busca soluções econômicas para a pobreza. É a velha história; não dê o peixe, ensine a pescar... Pois é.
A equipe, composta por oito técnicos, tem como objetivo analisar regiões produtoras agrícolas, reunindo produtores para disseminar técnicas de plantio, de colheita, de estocagem e de processamento de produtos agrícolas e, principalmente, de associativismo produtivo, potencializando o ganho coletivo e individual, pela união de afinidades.
A TechnoServe opera em diversos países na África, na Ásia e muitos outros locais pelo mundo afora, inclusive aqui na América do Sul.
No Brasil eles querem conhecer a produção e o processamento do caju, principalmente do pedúnculo (a polpa do caju), pois a Costa Oeste da África está se consolidando como a região de maior produção desse produto no mundo. Países como a Guine Bissau, Gana, Nigéria e Benin já ultrapassaram a marca das duzentas (200) mil toneladas de castanha anualmente. O destaque fica para a Costa do Marfim, que se aproxima de um milhão de toneladas ano.
No Brasil, depois de um longo período de seca, que comprometeu seriamente a produção de caju, quando nossa produção de castanhas caiu abaixo de cem mil toneladas, teremos uma boa safra este ano, retomando o nível de produção acima de cento e cinquenta (150) mil toneladas da castanhas. Já chegamos a produzir mais de trezentas (300) mil toneladas ano.
Quando se fala em caju, há que se ter em mente que o produto de maior interesse comercial é a castanha do caju. A polpa, que representa quase 90% do produto, em peso, tem pouco interesse comercial, dado sua alta perecibilidade.
Para se obter cento e cinquenta (150) mil toneladas de castanhas, a safra deve ser algo em torno de um milhão e quinhentas (1.500) mil toneladas de caju, sendo que a polpa representa algo em torno de um milhão e trezentas mil toneladas. Menos, bem menos da metade desse volume de polpa, é aproveitado para a produção de doces, sucos, cajuínas etc. O restante é “deitado” fora.
É para conhecer a indústria da polpa do caju que essa equipe está vindo ao Brasil. Eles querem saber, além da castanha, da cajuína e do doce, o que é que o caju tem.
Dizem que do boi se perde somente o berro. Do caju nada se perde, nem a fumaça gerada no seu processamento, pois pode ser utilizada na produção de telhas e tijolos.
Eu estarei, pessoalmente, coordenando a viagem dessa comitiva pelo Nordeste brasileiro. Espero que possamos tirar dessa visita proveito mutuo para reduzir a pobreza (via criação de negócios), tanto de um lado quanto do outro do Atlântico.
E como já disse de certa feita, o Atlântico Sul pode ser um mar bravio ou um manso riacho. Tudo depende da intenção dos homens que o ladeiam.
Altair Maia
International Business Consultant.
Brasilia/DF, 29.08.2017
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