TOCO DO PECADO-Bento Carneiro e a PEC do PTB

Bento Carneiro, o vampiro brasileiro, impagável personagem do saudoso humorista Chico Anísio, praguejador contumaz, costumava lançar sobre quem pisava no tomate a sua “maldição malígrina”: beber do próprio veneno, experimentando, na pele, o castigo que desejou ou endereçou a outrem. Após lançar a maldição, Bento Carneiro arrematava: “Tomou, papudo”...


          O PTB, por meio da deputada Cristiane Brasil (RJ), apresentou à Câmara Federal o Projeto de Emenda Constitucional (PEC) 125/15, propondo a proibição de ex-prefeito, ex-governador ou ex-presidente da República ser  candidato ao mesmo cargo ocupado num passado mais remoto, embora mantendo a reeleição em período continuado. A proposta, que contou 179 assinaturas, deverá ser apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça, mas já existem deputados signatários retirando o seu apoio a ela.


          O curioso é que a reeleição já tinha sido  derrubada na Câmara dos Deputados, aguardando agora votação pelo Senado. Sem entrar no seu mérito, da forma que o PTB trata o assunto, nomes como os dos ex-governadores Aécio Neves e Antônio Anastasia (MG), Roseana Sarney (MA) e José Serra e Geraldo Alkimim (SP) não poderiam retornar aos governos dos seus estados. Mas o grande alvo mesmo seria o ex-presidente Lula com o seu PT, hoje em inferno astral junto aos demais partidos, mesmo que da base governista.  Lula  declarou recentemente que, se necessário, para evitar vitória da oposição, disputará as eleições presidenciais de 2018. Coincidentemente(?), pintou a PEC petebista.  Quem tem barba é o pessoal do PT, mas quem as coloca de molho, desde já, é o PTB.

          Mais curioso ainda, e isso traz de volta Bento Carneiro e o seu bordão, é o fato de a matéria, se aprovada,  impossibilitar um eventual retorno do senador Fernando Collor, que é do próprio PTB, à presidência da República e ao governo de Alagoas, onde ainda é considerado muito forte eleitoralmente. “Tomou, papudo”...  No caso de Paracatu, ela  tiraria do páreo os ex-prefeitos Arquimedes Borges, do mesmo PTB, que jura não querer ser candidato ao Paço Municipal; e Vasco Praça Filho, hoje visto como um dos mais fortes pré-candidatos na corrida eleitoral municipal de 2016.  Mas, em razão do princípio da anualidade (artigo 16 da Constituição Federal),  não há  tempo para pareceres técnicos,  tramitação e aprovação da PEC 125/15 no Congresso  para vigorar no pleito do ano que vem.     

          No Congresso Nacional, pelo menos no momento, a proposta do PTB é vista como de impossível aprovação. É que, além de outras coisas, ela contraria interesses de partidos, deputados e senadores fortes, que estão no exercício de mandatos no Legislativo federal e, portanto, votam toda e qualquer matéria dessa natureza. É mais fácil o saci cruzar as pernas que político um  brasileiro, seja ele esquerdista, direitista, centrista ou flamenguista,  votar contra os seus interesses pessoais e partidários. Outra curiosidade: a deputada Cristiane Brasil é presidente nacional do PTB e filha do ex-parlamentar Roberto Jefferson, delator do ruidoso mensalão, que levou à prisão medalhões da política nacional, inclusive ele mesmo.  Mas isso é só mais um detalhe. Ou não?

SOBRE O TOCO DO PECADO


Existiu na Praça da Matriz EM PARACATU , desde a primeira metade do século passado, um tronco de árvore tombado no meio do jardim, providencialmente transformado em tosco banco. Como Paracatu não tinha rádio, jornal e muito menos televisão naquele tempo, pessoas dos quatro cantos da cidade ali se reuniam, todas as noites, do escurecer até altas horas. Chegavam, tomavam assento, soltavam a língua e relatavam o que estava a acontecer em sua área urbana. Os circunstantes, assim, ficavam sabendo, tintim por tintim, tudo que ocorria  na cidade.

Com o tempo, os habitués adicionaram pimenta à conversa. Passaram, então, a falar também de outros assuntos, inclusive da vida alheia! No dizer deles, “desciam o sarrafo em tudo”.  Mas, ainda que meio às avessas, havia ali uma democracia: falavam do rico e do pobre, do feio e do bonito, do alto e do baixo, do poderoso e do desvalido. Há controvérsias sobre a denominação, mas dizem que foi o então bispo, Dom Eliseu (ou teria sido Frei Norberto?), que, por isso, deu ao local o nome de Toco do Pecado. Era mais ou menos o que aparece na montagem, imagem revivida graças ao rico acervo do Lucas Foto e à genialidade de Glauber César, o mago da informática.

As pessoas morriam de medo do pessoal do Toco. É que a turma tinha a fama de descobrir até os mais guardados segredos, e, depois, deitar falação, não importa se o Brasil estivesse vendo sob uma ditadura – e, nesse ínterim, existiram duas: a do Estado Novo de Vargas e a militar pós 1.964 – ou gozando de  ares democráticos.  Por isso,  por exemplo,  quando famílias faziam festa no clube da elite, o Jóquei, cuja sede funcionava ali perto,  no prédio que hoje abriga  a Câmara, mandavam bandejas e mais bandejas  de bebidas e salgados para que maneirassem a língua. Pois os boquirrotos bebiam a cerveja, comiam os salgados e, depois, desciam “o sarrafo” no dono da festa assim mesmo. Coisas tipo “a cerveja tava quente,  o pastel  daquele unha de fome  não tinha carne”, por aí. Não tinha perdão.

O Toco, já sem o toco físico, mas com a mesma irreverência, foi depois para a porta do Cemitério Santa Cruz, no tempo em que “seo” Bastos era o zelador. A essa altura, já se transformara naquilo que os alemães chamam de volksgeist, a alma ou espírito do povo. Hoje, resquícios dele ainda existem numa lanchonete localizada na Avenida Quintino Vargas. Ali, tal qual no passado noturno, mas agora pontualmente às seis e meia da manhã, diariamente, faça chuva ou faça sol,  um grupo se encontra para, às vezes com muita pimenta, falar sobre tudo, literalmente tudo...


Depois de um intermezzo nesses quase quarenta anos de existência, aqui e alhures, esses comentários semanais estão voltando. Agora inspirados na ora muito séria, ora bem humorada, mas sempre construtiva, irreverência do pessoal do Toco do Pecado. Que saudade!  Descansem em paz, Tote de seu Matias e companhia limitada. E vida longa ao pessoal do, mutatis mutandis, atual Toco do Pecado. Amém
E.ASSIM O TOCO DO PECADO ESTÁ COMEÇANDO A SE ALASTRAR POR MUITAS CIDADES,E ESTÁ CHEGANDO A UBERLÂNDIA PARA COLHER ALGUMAS HISTORIAS INTERESSANTES DA REGIÃO.
A REDAÇÃO






Do Toco do Pecado – Comentários de Florival Ferreira
PARACATU NET

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