Devagar, mas no rumo certo
Pelas contas da FGV, crescimento geral de 0,3% foi
garantido pela agropecuária e pelos serviços, com ganhos de 0,7% e 0,4% em
relação ao desempenho no trimestre inicial deste ano
O Brasil continua
produzindo mais que no ano passado, apesar de alguns tropeços, e essa é a
melhor notícia trazida pelo Monitor do PIB, um indicador elaborado mensalmente
pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo os novos dados, o Produto Interno
Bruto (PIB) avançou 3,3% em junho, depois de um tombo de 2,6% no mês anterior.
No segundo trimestre superou por 0,3% o volume contabilizado no primeiro e por
1,2% o calculado para o período de abril a junho de 2017. O balanço oficial
deve ser conhecido no dia 31, data prevista para a divulgação das contas
nacionais trimestrais pelo IBGE.
As informações do Monitor são geralmente muito próximas daquelas produzidas pelo IBGE. No mercado, as apostas têm-se concentrado em variações muito pequenas, para mais ou para menos, entre os dois primeiros trimestres de 2018.
As informações do Monitor são geralmente muito próximas daquelas produzidas pelo IBGE. No mercado, as apostas têm-se concentrado em variações muito pequenas, para mais ou para menos, entre os dois primeiros trimestres de 2018.
A estimativa da FGV
enquadra-se no panorama de quase estabilidade entre os dois períodos. Nenhuma
pessoa razoável pode torcer por um dado negativo, mesmo pequeno. Mas um avanço
muito modesto em relação à média de janeiro a março dificilmente justificará
uma comemoração, especialmente se os componentes do quadro forem parecidos com
os do Monitor.
Pelas contas da FGV,
o crescimento geral de 0,3% foi garantido pela agropecuária e pelos serviços,
com ganhos de 0,7% e 0,4% em relação ao desempenho no trimestre inicial deste
ano. O conjunto da indústria, gerador dos melhores empregos, produziu 0,9%
menos que nos primeiros três meses do ano. Especialmente preocupante, se
confirmado pelo IBGE, terá sido o recuo de 1,1% da indústria de transformação.
Apesar do fraco
desempenho no primeiro trimestre e do tropeço em maio, causado pela crise do
transporte rodoviário, a economia manteve, na maior parte das atividades,
números melhores que os do ano anterior. No período de abril a junho, o PIB foi
1,2% maior que no mesmo trimestre de 2017. O crescimento em 12 meses ficou em
1,5%.
Na comparação com o
segundo trimestre de 2017, houve ganhos na agropecuária (0,8%), na indústria
(0,8%) e nos serviços (1,3%). No setor industrial, o segmento da transformação
avançou 1,4% e o da construção recuou 0,5%. Neste caso, o número tem ficado
gradualmente menos negativo. Do lado da demanda, a mesma comparação aponta
aumento de 1,8% no consumo familiar, 0,6% no consumo do governo e de 4,1% no investimento
em capital fixo (máquinas, equipamentos e obras). Além disso, a exportação de
bens e serviços diminuiu 2,98% de um ano para outro e a importação cresceu
6,5%.
Essa variação nas
trocas internacionais é atribuível principalmente à expansão da demanda interna
e, por isso, mostra evolução favorável. O comércio de bens continua
superavitário e o balanço em transações correntes, segundo o Banco Central
(BC), continua com déficit inferior a 1% do PIB, coberto com folga por
investimento direto estrangeiro.
A evolução do
investimento em capital fixo é um dos dados mais positivos, porque aponta
recomposição da capacidade produtiva, embora o valor investido tenha
correspondido a 15,2% do PIB. É uma proporção muito abaixo da necessária para
um crescimento econômico igual ou superior a 4% ao ano. A proporção, nesse
caso, seria próxima de 24%.
O mercado continua projetando crescimento econômico
de 1,9% para o ano, segundo a pesquisa Focus do BC. Sinais positivos e
estimativas favoráveis continuam aparecendo. O investimento em infraestrutura
deve chegar a R$ 113,7 bilhões, segundo a Associação Brasileira de
Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib). O valor do ano passado, de R$ 110,4
bilhões, foi o menor desde 2008, quando se atingiu o nível de R$ 105,7 bilhões.
É só um começo de recuperação, mas promissor. Outro bom sinal foi a redução de
15% na inadimplência empresarial acumulada nos quatro trimestres até julho –
dado da Boa Vista SCPC. Indícios animadores têm-se multiplicado. O detalhe mais
preocupante continua sendo a incerteza política.
Estadão
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