Mulheres são protagonistas na produção científica em Minas

Conheça a história de pesquisadoras reconhecidas pela atuação em biotecnologia, farmacologia, entomologia e agroecologia


Estudo sobre a participação dos gêneros na pesquisa científica, publicado pela Elsevier, uma das maiores editoras do setor no mundo, aponta que o número de mulheres pesquisadoras tem aumentado no país. Conforme a publicação, a proporção de mulheres que publicam artigos científicos – principal forma de avaliação na carreira acadêmica – cresce a cada ano e o número de pesquisadoras já corresponde a 49% do total, o maior percentual entre todos os países pesquisados, junto com Portugal. Clique aqui para acessar o estudo na íntegra (em inglês).


Em Minas Gerais, o cenário não é diferente. Nos diversos órgãos ligados ao Governo do Estado também é notória a presença de mulheres que coordenam e produzem pesquisas científicas de qualidade e relevância por vezes internacional. A busca pelo novo impulsiona estas mulheres que, todos os dias, confrontam hipóteses para desenvolver soluções nas mais diversas áreas, a exemplo da biotecnologia, farmacologia, entomologia e agroecologia.

Conheça, abaixo, a história de algumas destas mulheres cientistas que, devido à dedicação, descobertas ou premiações, se destacam em suas respectivas áreas.



Biotecnologia

A bióloga Myrian Morato Duarte 

A bióloga Myrian Morato Duarte tem toda sua carreira ligada à Fundação Ezequiel Dias (Funed). Ela começou sua trajetória profissional na fundação como estagiária em 1993 e, hoje, após os bacharelados em Zoologia e Parasitologia e o doutorado em Microbiologia pela UFMG, se diz muito feliz com a relevância do seu trabalho no Serviço de Virologia e Riquetsioses da Funed. “Pedi para ficar na Virologia, onde estou realizada e muito feliz. Trabalhar fazendo aquilo em que acreditamos é fundamental”, frisa.

“Aqui temos uma quantidade de dados epidemiológicos e de material de estudo que nos permite realizar pesquisas importantes na área de Saúde, inclusive em parcerias com outras instituições, já que pesquisa sempre inclui o compartilhamento do conhecimento. Tivemos no ano passado resultados importantes a respeito da epidemia de febre amarela, que foram publicados em revistas de renome internacional”, enfatiza a bióloga.

A afinidade com a ciência é antiga na vida de Myrian, que sempre gostou de bichos e da natureza em geral. “Eu já sabia que atuaria na área de Ciências da Natureza”, conta. Toda sua formação foi em escola pública e não faltaram estímulos para que ela buscasse seus objetivos. Seu pai era um leitor voraz, tinha muitos livros em casa e sempre estimulou Myrian e seus irmãos à leitura. A bióloga também foi uma espectadora apaixonada pela série de TV Cosmos, de Carl Sagan (1978-1979).

Paralelamente a tudo que fez na UFMG e na Funed, Myrian ainda desenvolveu outra habilidade: a de ilustradora científica. Ela conta que, quando estava na Zoologia, conheceu pessoas que faziam ilustrações de peixes e se ofereceu para fazer um desenho melhor. Até que o conhecido médico, entomólogo e escritor Ângelo Barbosa Monteiro Machado, especialista em libélulas, pediu que Myrian fizesse algumas ilustrações para ele. A parceria deu tão certo que Myrian foi até homenageada pelo professor, tendo uma libélula batizada com seu nome, a Telebasis myrianae.



Farmacologia

Em 2018, Rafaela Salgado Ferreira foi uma das 15 jovens cientistas de todo o mundo que receberam o prêmio International Rising Talents, oferecido pela Fundação L’Oréal, em parceria com Organização das Nações Unidas para Ciência, Cultura e Educação (Unesco). No ano anterior, em 2017, Rafaela já estava entre as sete vencedoras da premiação em nível nacional, que identifica e recompensa jovens cientistas talentosas no campo das Ciências da Vida, Ciências Físicas, Matemática e Química.

As premiações consideram o potencial das pesquisas e a trajetória acadêmica das candidatas. Graduada em Farmácia pela UFMG, Rafaela tem uma trajetória pouco comum, já que partiu direto para o doutorado em Química Biológica, na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e fez pós-doutorado no Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo. Uma das suas pesquisas, voltadas à produção de novos medicamentos contra a Doença de Chagas recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

“A Doença é Chagas é negligenciada. Apesar da importância médico-social, é uma doença para a qual não existem fármacos adequados. Por isso, é muito importante buscar alternativas. A ideia do trabalho é usar técnicas computacionais para encontrar moléculas que possam facilitar o diagnóstico e o tratamento. Temos uma estimativa de que existem cerca de seis milhões de casos em todo o mundo, a maioria em áreas pobres da América Latina”, adverte a cientista.

Além da Doença de Chagas, Rafaela também lidera pesquisas relacionadas a outras doenças negligenciadas, como a doença do sono africana e o vírus Zika. E, na verdade, a farmacêutica começou a trabalhar nesta área ainda no ensino médio. Quando estudava no Colégio Técnico da UFMG (Coltec), teve a oportunidade de participar do programa de vocação científca oferecido pelo Centro de Pesquisas René Rachou, ligado à Fundação Oswaldo Cruz, em BH, onde pesquisava métodos para conter o desenvolvimento do parasita Ascaris lumbricoides, que causa milhões de casos de infecção em todo o mundo. “A partir desta experiência, descobri que era isso que eu queria fazer. Decidi ali que queria ser pesquisadora”, lembra.

 Entomologia

As notícias de contaminações ambientais por agrotóxicos e outros agentes nocivos ao homem incomodavam Madelaine e a motivaram a seguir esta linha de pesquisa científica já aos 20 anos de idade, após formada, em Caxias do Sul (RS), sua terra natal. “Uma das coisas que me chamava muito a atenção e preocupava era o excesso e a exclusividade do controle químico como método de controle de pragas e doenças”, recorda.

Devido aos estudos desenvolvidos, Madelaine recebeu o prêmio de Destaque Mérito Cientifico da Epamig em 2017. A cientista foi, inclusive, pioneira na implantação de projeto de controle biológico de percevejos da soja, no município de Uberaba, no Triângulo Mineiro, em 1992, quando já era pesquisadora da Epamig. Em Viçosa, na Zona da Mata mineira, em 2000, a cientista assumiu o desafio de desenvolver estratégias de controle biológico aplicadas à agricultura familiar e iniciou os estudos com café e hortaliças.

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